Sonho de uma intensidade absurda, que, incompreensivelmente, ainda me arrepia quando o vislumbro, foi o que tive esta noite. Bem, para ser exata, foi sobre a manhã; só assim me é possível recordá-lo com tanto detalhe.
Passou-se na casa da família do meu pai, um casarão antiquíssimo, na rua principal lá do sítio, com frescos nas paredes de algumas divisões. A casa foi vendida, claro. Herdeiros a mais com dinheiro a menos. Não pude ficar com ela pelo motivo expresso ainda agorinha. Quando não, ficaria, claro. Sempre que lá passo recordo o carinho da minha avó-tia Maria (o meu pai foi criado por ela, em casa do seu avô paterno - os mimos de avó foram todos dados por ela e não pela mãe do meu pai) que me fazia um soberbo arroz doce e, como sabia que o preferia morno e na ausência de micro-ondas, o aquecia em banho-maria. Tanta saudade, minha querida...
Pois no meu sonho, o atual dono da nossa casa (será sempre, sempre a nossa casa...) mostrava-me as remodelações e eu pasmava, sofria com elas, doendo-me as memórias. Até que acordei.
Mas todo o dia tenho mastigado esse sonho, que me magoa.