Visto do alto, o homem é um pontinho que teima, teima até se alongar num travessão final.
Nota: esta publicação pode ter a ver com a tarefa de classificação de provas em que me encontro.
Confissões de uma senhora um pouco antiga...
Visto do alto, o homem é um pontinho que teima, teima até se alongar num travessão final.
Nota: esta publicação pode ter a ver com a tarefa de classificação de provas em que me encontro.
Lugares de luz são os que nos aconchegam a alma e o coração. Neles, o ar é mais fresco e puro e as cores são firmes e intensas. Os risos são pássaros livres de boca em boca e nunca faltam poisos para eles nos nossos peitos.
Lugares de luz são raros, mas existem quando nos juntamos com quem cintila connosco e em nós.
Foram cores, sons, sensações.
O vento sussurrava nas águas do rio, querendo provar a sua vontade: ali, ele é rei e, junto com o sol e o céu, faz do rio uma casa para as aves e para os peixes.
Os mochões são guardiões desta vida que pulula. É lá que os cavalos, curiosos, nos olham quando nos aproximamos. Os gansos aconchegam-se na pequena enseada. Cautelosos, vão andando, em passinhos curtos, mas seguros e sôfregos. Levantam. finalmente, voo, numa poesia inesperada.
Os salgueiros tombam, lânguidos, acariciando sempre as águas revoltas.
Mais além, no escarlate do céu, uma íbis negra desafia ventos e marés, certa de que aquele mundo é o seu.
Os dois cisnes, de um branco inesperado e brilhante, ondulam, ao longe, São a alegria súbita no cinzento das águas.
E quando a embarcação parou, no meio do rio, a nossa alma foi inundada de mundo. Tudo fez sentido e fomos felizes.
Numa parceria feliz, temos recebido a visita de utentes de uma instituição que vêm contar uma história aos nossos miúdos. São pessoas portadoras de várias deficiências e, apesar de confiar na essência dos nossos alunos, temos sempre algum receio de reações menos felizes.
Ora, numa dessas visitas, contámos com a presença da S. que, devido a uma doença degenerativa, cegou. A S. é duma correção e ternuras evidentes e, no decorrer da atividade, sentou-se junto da L. Quando os meninos foram convidados a pintar um desenho, com a ajuda das visitas, foi explicado à L. que a S. sabia pintar muito bem, mas que, como o desenho não era adaptado, iria precisar de ajuda. Então, a L. não hesitou, perguntou à S. a cor que queria usar, pegou-lhe na mão e a magia aconteceu!...
Tive vontade de chorar, mas a minha esperança sorriu e voltei a acreditar na bondade da humanidade. Obrigada, querida L.!
Parece que mudou o ano e tínhamos que festejar, vestir roupa interior azul, comer passas e outras coisas mais, igualmente conhecidas e muito importantes, que só fazemos quando muda o ano. Todavia, o universo não sabe de nada disto, a chuva continuou a cair, como no ano anterior e hoje já brilhou o sol, como no ano passado.
Parece que, quando muda o ano, temos de fazer balanços da vida do ano passado, desejar coisas para este ano novo, irmos dando pistas ao mundo de que vai ser diferente, tem de ser melhor.
E nós, faremos melhor? Seremos melhores? Seremos diferentes?
Vá, demos uma mãozinha a 2023 para que, mudando o ano ou não, possamos tornar este mundo, o nosso mundo, melhorzinho!...
E pelo sim, pelo não, Feliz Ano Novo!
Apesar do meu "menino Jesus" privado, o bom, mas mesmo bom do Natal é que só há outro daqui por um ano...
E é isto!
Setembro, mês de finais e de recolhimento.
O sol chega-se mais à terra; quer compensá-la pelas primeiras chuvas que a vão ajudar a libertar os seus aromas.
Em setembro, é quando se vão buscar os primeiros agasalhos e já não se nega um chá quente ao serão.
Setembro agradou-me sempre. É quando o meu novo ano se inicia e tudo recomeça.
Todavia, foi há 2 anos, em setembro, que a minha mãe precisou de descansar e nos deixou nesta vida, a braços com o desgosto e com uma pandemia. Também foi em setembro que perdi o meu cão querido, roubado, tirado de nós, desde o ano passado.
Assim, fui vivendo este setembro a olhar por cima do ombro, perguntando a cada dia, todos os dias, qual seria o desgosto deste ano.
Este setembro terminou gentilmente para mim. Saúdo-te outubro!
A solidão não habita comigo. Sempre que chego a casa, encontro o aconchego do sofá, dou a mão à tranquilidade e saboreio uma refeição à medida da minha fome, sem pressas, sem compromissos. Ofereço-me um copo de vinho tinto, assomo-me à janela e suspiro descansada, ouvindo, ao longe, o cão da vizinhança a ladrar ao vento.
A ideia era descermos a Nacional 2, depois de fazermos os Passadiços do Paiva e a ponte suspensa de Arouca, mas a canícula não deixou... Fomos deslizar na Ria de Aveiro e à Aberta Nova e seguimos para o Paiva. Conseguimos atravessar a ponte em Arouca (que tanto abanava, meus deuses!) e só sofremos até meio dos passadiços, tal era o calor! Depois, rumámos a Trás-os-Montes ver o nosso fofão e seus papás, mas abafava-se e foi no Porto que nos refrescámos, que saboreámos Serralves (com Miró e outros talentos), pasmámos com a Casa da Música, o Palácio da Bolsa e as catacumbas da Igreja de S. Francisco, navegámos no Douro e calcorreámos um Porto, que foi por nós muito e muito sentido.
Estrafeguei um joelho. Mas ainda bem!
Depois de quase 1300 Km de carro e muitos, muitos a pé, sinto a alma lavada, mais rica e quase pronta para novos recomeços.
Na companhia da filha mais nova, que é a que ainda tem disponibilidade para estas voltinhas (sim, que a outra filha já tem entretenimento mais continuo e fofinho...), lambuzei-me de norte: Aveiro, Arouca, Trás-os-Montes e o belo Porto, carago, do qual nunca me canso e que tenho pena de não ser já ali!...