quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Burocracia

A minha filha mais nova, no próximo ano lectivo, vai para uma nova escola. Não há escolas secundárias aqui no burgo, que foi, recentemente, elevado à categoria de cidade. Mas não é sobre isso que quero falar; talvez mais tarde (lá para as onze meia, ou assim...). Como estava a dizer, a minha cria e eu, depois de muita ponderação, lá acordámos (com o meu voto a valer por 3, visto que sou eu a mãe, pago as contas e sei mais coisas, vá!) sobre a escola para onde ela irá. Como não é na sede de concelho (ai a província, a província...), vai ser o estado a comparticipar o seu passe do autocarro. Por portas e travessas lá soube o que era preciso: um atestado de residência (passado pela Junta de Freguesia) e uma declaração da Câmara, atestando que não comparticipava nadinha do passe da cachopa. Também me falaram de um documento que comprovasse a matrícula e, quando fiu à escola dela, pedi logo o belo do certificado. E lá fomos nós, à Rodoviária, dizer ao senhor do guichet o que pretendíamos. Então, ele entrega-nos um formulário para preencher com os dados da moça e outro papel para a escola preencher, a comprovar a matrícula. Perguntei se não servia o que já tinha e que, por sinal, até era um documento oficial da escola, que atestava, de antemão, aquilo que era solicitado pelo outro e que até nem estava preenchido. Que não. Não?! Não, ele até podia receber os papéis, uma vez que já tinha os outros todos (eu já lhos tinha enfiado debaixo do nariz e abanáva-os de um lado para o outro, a ver se conseguia hipnotizá-lo; se tivesse conseguido, deixava lá tudo e fugia...), mas, de certeza, viriam todos para trás! Como tudo no nosso país, se não for o papelzinho pretendido, da cor solicitada e for outro que sirva para o mesmo, vem para trás! Ia-me dando um fanico! Ralhei tanto! E quando disse que iria fazer uma reclamação, diz-me o tal senhor incrédulo: "Ai, sim? E contra quem? A Rodoviária não tem culpa! Só se for contra o Ministério da Educação!". Olhei para ele e, de repente, percebi que não adiantava, não servia de nada estar a barafustar com um homenzinho que não entendia que podia não se estar satisfeito com uma situação absurda destas, nem percebia a inutilidade do papelzinho que me ia obrigar a levar à escola para ser preenchido.

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