terça-feira, 31 de dezembro de 2013
segunda-feira, 30 de dezembro de 2013
Citação
RECEITA DE ANO NOVO
Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)
Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.
Carlos Drummond de Andrade
Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)
Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.
Carlos Drummond de Andrade
quinta-feira, 26 de dezembro de 2013
quarta-feira, 25 de dezembro de 2013
Livros
Gosto de namorar livros. Seja antes ou depois de os comprar. Observo a capa, leio a contracapa, voltando a fechá-los. Poiso-os. Quando lhes pego outra vez, já leio um bocadinho do primeiro e decisivo parágrafo que me amarra. Ou não.
Mas (sempre) não
Há pouco, à mesa obrigatória de Natal, zappingávamos em busca "do programa" e, dependendo de cada um, ninguém queria ver nada do "gosto" dos outros. Até que a caganita descobriu circo, que nos impingiu com um "a minha avó gosta muito de circo!".
Dei por mim a olhar para o relógio, na parede em frente, desejando que o ponteiro grande, excecionalmente, se apressasse para o circo acabar. Ao mesmo tempo adivinhava, palavra por palavra, os comentários apreciadores da minha mãe:
- Este circo tem coisas de admiração! Tchi, nem sei como eles conseguem fazer aquilo!
Senti-me mal. Queria muito gostar de ver circo com a minha mãe; queria muito não adivinhar com tédio os comentários que ela faz sempre; queria muito que o espírito da quadra natalina entrasse comigo e eu me sentisse feliz. Mas não.
terça-feira, 24 de dezembro de 2013
Felicidade
Gosto quando posso ficar numa esplanada, só, gozando um chá de camomila, namorando livros, observando gente.
domingo, 22 de dezembro de 2013
sábado, 21 de dezembro de 2013
sexta-feira, 20 de dezembro de 2013
quinta-feira, 19 de dezembro de 2013
Ena!
Cinco mulheres, juntas no coração e no gosto pela deleitosa comida dos "Lolés", pusemos em dia os afetos e as críticas ao outro sexo, aproveitando o facto de a L. ser uma estudiosa da líbido masculina e fazer afirmações bombásticas.
A minha preferida foi: "os homens sentem-se desconfortáveis quando veem manifestações homossexuais masculinas porque receiam manifestar excitação e que a sua orientação sexual seja colocada em causa". Eu até acrescentaria: "por eles próprios".
E acredito piamente.
quarta-feira, 18 de dezembro de 2013
Ausência de vontade
E quando alguém que eu quero muito ver me pede para "arranjar um pretexto", eu percebo que o reencontro depende apenas da vontade...
terça-feira, 17 de dezembro de 2013
Citação
E fica aqui este, que bateu com força, quando ele o leu
Arranco os autocolantes da parede do quarto do nosso filho,
como se a faca eléctrica da cozinha me atravessasse o braço.
Sou eu que apago os seus desenhos na parede. Não são riscos,
são desenhos. Há lápis de cera espalhados e partidos pelo chão.
Depois de nós, esta morada terá outros nomes e chegarão cartas
pacientes à caixa do correio. Agora, são impossíveis de imaginar,
como o nosso ontem será impossível de imaginar. Foi aos poucos
que ficou apenas o sofá e as recusas e os armários esventrados.
Foi muito demoradamente que chegaram as noites em que durmo
no sofá, sob um cobertor oferecido pela minha mãe ou pela tua.
Por fim, tenho tempo para habituar os olhos às sombras e avaliar
a devastação, acordar com o frio da madrugada, o esquecimento,
e assistir àquela hora azul em que já não é de noite, mas em que
ainda falta tanto para ser de dia. Despejo no fundo de um saco
tudo o que está naquela gaveta que nunca ninguém arrumou.
À minha volta, há caixotes que servem para guardar os livros,
já estão divididos. Escolho o lugar para pousar os pés. Fizemos
coisas nesta sala vazia, tivemos pensamentos, aprendemos
alfabetos. Resta-me agora o que sempre tive e, como se caísse
desamparado na banheira, prossigo e continuo o meu trabalho,
como se batesse com a cabeça na esquina de uma gaveta,
prossigo e continuo o meu trabalho.
José Luís Peixoto, in Gaveta de Papéis
Desmantelamento de um rio
como se a faca eléctrica da cozinha me atravessasse o braço.
Sou eu que apago os seus desenhos na parede. Não são riscos,
são desenhos. Há lápis de cera espalhados e partidos pelo chão.
Depois de nós, esta morada terá outros nomes e chegarão cartas
pacientes à caixa do correio. Agora, são impossíveis de imaginar,
como o nosso ontem será impossível de imaginar. Foi aos poucos
que ficou apenas o sofá e as recusas e os armários esventrados.
Foi muito demoradamente que chegaram as noites em que durmo
no sofá, sob um cobertor oferecido pela minha mãe ou pela tua.
Por fim, tenho tempo para habituar os olhos às sombras e avaliar
a devastação, acordar com o frio da madrugada, o esquecimento,
e assistir àquela hora azul em que já não é de noite, mas em que
ainda falta tanto para ser de dia. Despejo no fundo de um saco
tudo o que está naquela gaveta que nunca ninguém arrumou.
À minha volta, há caixotes que servem para guardar os livros,
já estão divididos. Escolho o lugar para pousar os pés. Fizemos
coisas nesta sala vazia, tivemos pensamentos, aprendemos
alfabetos. Resta-me agora o que sempre tive e, como se caísse
desamparado na banheira, prossigo e continuo o meu trabalho,
como se batesse com a cabeça na esquina de uma gaveta,
prossigo e continuo o meu trabalho.
José Luís Peixoto, in Gaveta de Papéis
Mas vou ler
Acabei de conhecer José Luís Peixoto. Tem sentido de humor, humildade e um discurso interessante. Ainda não li nada dele, à exceção das crónicas da "Visão".
Mas vou ler.
domingo, 15 de dezembro de 2013
sexta-feira, 13 de dezembro de 2013
...
E, infelizmente, como a caganita não está em casa, visto que foi para casa do progenitor porque é mais cómodo para ir para a faculdade, não tenho árvore de Natal!
E é isto!
Confesso que, dantes, por esta altura, já eu estaria duplamente neurótica: aproxima-se mais um momento de avaliação dos alunos e estamos quase a chegar ao Natal.
Sendo 2 das coisas que mais abomino no mundo, à primeira, respondo com uma grelha Excel (alinhavada pela cria mais nova e alindada por uma colega especialista) que me permite retirar o máximo de subjetividade e provar aos alunos a justiça da minha apreciação; à segunda, observo a data por outro ponto de vista - assim que chegar o natal, só haverá outro para o ano!
Ho, ho, ho!
terça-feira, 10 de dezembro de 2013
domingo, 8 de dezembro de 2013
sexta-feira, 6 de dezembro de 2013
quarta-feira, 4 de dezembro de 2013
Não queria...
Hoje, chorei na sala de aula.
E não por nada que foi dito, nem por nada que foi feito. Foi pela ausência. De generosidade, de confiança.
terça-feira, 3 de dezembro de 2013
Harmonia
Pedi aos alunos um texto de opinião em que , entre outras coisas, definissem "harmonia".
Fui surpreendida pelo arrojo de alguns trabalhos e pela singeleza de outros, mas houve um que me emocionou: o miúdo referiu a serenidade. E, sim, para mim, neste momento é a serenidade que me falta para me sentir em harmonia com a minha vida.
segunda-feira, 2 de dezembro de 2013
Casa de gaja, mesmo!
Comprei na "Casa" duas dessas placas de lata modernaças, com uns dizeres em inglês e uma refere, então, o seguinte:
"os homens também têm sentimentos, mas quem é que se rala?"
Só que está tudo em inglês, que é muito mais trendy!
Acho que
... só nasci para ser filha e ser mãe.
Os outros cargos/papeis/atribuições femininos estão-me vedados.
Os outros cargos/papeis/atribuições femininos estão-me vedados.
La diva
Hoje, a enorme Maria Callas faz 90 anos. Sim, faz, as mulheres assim libertam-se da lei da morte!
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