terça-feira, 19 de maio de 2015

Quase sem palavras, mas com muita comoção

Impressionou-me o facto de, aqui no Ribatejo, terra de planuras e arrozais, de gente empreendedora, tisnada pelo sol e amante de toiros, poder haver um tão elevado grau de violência, evidente no bárbaro assassínio do puto de 14 anos por outro de 17.
Fiquei doente quando, ao ouvir o nome do criminoso e ao vê-lo entrar no tribunal de Santarém, reconheci o miúdo franzino a quem dava sucessivos sermões pelos disparates que fazia na minha escola, quando eu estava na direção.
Já nessa época ele andava constantemente metido em confusões e só o nosso diretor, ente de uma paciência sem limites e cujo maior desiderato era sempre levar os jovens a refletir sobre os seus comportamentos, tinha a perseverança para lhe dar sermões intermináveis. A mim, assustava-me a sua frieza constante, o seu ar seráfico perante o sofrimento alheio, a sua inclinação para o vandalismo. Nunca imaginei, porém, este desfecho para a sua infância. Sim, é de um rapazinho que se trata. Um rapazinho que matou outro. Se eu tivesse, diria "meu Deus!".

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