quarta-feira, 20 de julho de 2016

Abrindo caminhos

Ela começou por ficar curiosa sobre quem a tinha tornado objeto de admiração.
Um café de final de dia, supostamente breve, instalou-o, de mansinho, nos seus pensamentos. Foi aí que descobriu os seus olhos azuis, o seu gosto por viagens e leitura, a sua gentileza. O café breve foi crescendo até ao lusco-fusco e fê-la aceitar o convite para jantar na praia, daí a uns dias
Pisar, descalça, a areia das dunas, curiosa, querendo descobrir o seu gosto em descobri-la, deu-lhe uma satisfação e um bem-estar tranquilo que há muito não experimentava.
Política, filhos, recordações de infância, gostos, as palavras fluem e os silêncios não incomodam.
Quando surgiu a hipótese de passar um dia inteirinho na praia da sua juventude, deu por ela ansiosa e receosa: desejava muito a sua companhia, mas temia mostrar o seu corpo desnudo de senhora já antiga e muito branca. A sua energia e aparente descontração, levou-a, calmamente até ao jantar, no restaurante de sempre.
E ele foi ficando. Está lá no seu pensamento e abriu-lhe as portas do coração.

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