Apesar do meu "menino Jesus" privado, o bom, mas mesmo bom do Natal é que só há outro daqui por um ano...
E é isto!
Confissões de uma senhora um pouco antiga...
Apesar do meu "menino Jesus" privado, o bom, mas mesmo bom do Natal é que só há outro daqui por um ano...
E é isto!
Setembro, mês de finais e de recolhimento.
O sol chega-se mais à terra; quer compensá-la pelas primeiras chuvas que a vão ajudar a libertar os seus aromas.
Em setembro, é quando se vão buscar os primeiros agasalhos e já não se nega um chá quente ao serão.
Setembro agradou-me sempre. É quando o meu novo ano se inicia e tudo recomeça.
Todavia, foi há 2 anos, em setembro, que a minha mãe precisou de descansar e nos deixou nesta vida, a braços com o desgosto e com uma pandemia. Também foi em setembro que perdi o meu cão querido, roubado, tirado de nós, desde o ano passado.
Assim, fui vivendo este setembro a olhar por cima do ombro, perguntando a cada dia, todos os dias, qual seria o desgosto deste ano.
Este setembro terminou gentilmente para mim. Saúdo-te outubro!
A solidão não habita comigo. Sempre que chego a casa, encontro o aconchego do sofá, dou a mão à tranquilidade e saboreio uma refeição à medida da minha fome, sem pressas, sem compromissos. Ofereço-me um copo de vinho tinto, assomo-me à janela e suspiro descansada, ouvindo, ao longe, o cão da vizinhança a ladrar ao vento.
A ideia era descermos a Nacional 2, depois de fazermos os Passadiços do Paiva e a ponte suspensa de Arouca, mas a canícula não deixou... Fomos deslizar na Ria de Aveiro e à Aberta Nova e seguimos para o Paiva. Conseguimos atravessar a ponte em Arouca (que tanto abanava, meus deuses!) e só sofremos até meio dos passadiços, tal era o calor! Depois, rumámos a Trás-os-Montes ver o nosso fofão e seus papás, mas abafava-se e foi no Porto que nos refrescámos, que saboreámos Serralves (com Miró e outros talentos), pasmámos com a Casa da Música, o Palácio da Bolsa e as catacumbas da Igreja de S. Francisco, navegámos no Douro e calcorreámos um Porto, que foi por nós muito e muito sentido.
Estrafeguei um joelho. Mas ainda bem!
Depois de quase 1300 Km de carro e muitos, muitos a pé, sinto a alma lavada, mais rica e quase pronta para novos recomeços.
Na companhia da filha mais nova, que é a que ainda tem disponibilidade para estas voltinhas (sim, que a outra filha já tem entretenimento mais continuo e fofinho...), lambuzei-me de norte: Aveiro, Arouca, Trás-os-Montes e o belo Porto, carago, do qual nunca me canso e que tenho pena de não ser já ali!...
Sem mais tempo para olhar o sol de frente.
Sem mais tempo para respirar de peito aberto e cheio.
Quando te fores, o dia vai nascer, fresco e límpido, como sempre. Assim foi sempre e assim será.
Só quem te fez sua, sentirá a tua falta.
Sentir-te-emos no nosso coração e sorriremos. Docemente.
O sol crescido agasalhava as gentes que fintavam o vento, aconchegando os casacos como podiam.
O rio, azul e inquieto, seguia rumo ao mar, sem conversar com os barcos que o cruzavam.
Eram quatro vidas já bem compridas. Juntos, cresceram e rumaram aos trilhos escolhidos e que foram felizes ou não, vivazes ou acomodados.
Havia memórias que planavam entre eles, recordações de risos partilhados, descobertas feitas por corpos jovens e tenros, ávidos de emoções e ainda encantados pela ausência de desencanto. As gargalhadas eram genuínas e espantavam pela sua generosidade. Gargalhadas generosas ainda surpreendem mais!
Prometeram voltar a ver-se, voltar a fruírem uns dos outros, junto deste ou de outro rio. Eles correm sempre para o mar. É por isso que os quatro sentem sempre perto o pulsar do coração uns dos outros.