segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

Podia ter escolhido de forma diferente


 Faz hoje 35 anos que me casei. Quem é que se casa no dia a seguir ao Natal? Eu. E o meu noivo, na altura...
Não costumo contar, mas, hoje, ao fazer as contas, reparei no número redondinho e pensei, "redondamente" também, seja lá isso o que for.
Casei porque, na altura, me pareceu que aquele era o homem certo para me fazer feliz. Também casei para fazer felizes os meus pais. Desde sempre que achei que o casamento, o compromisso está na vontade de cada um e não numa convenção legal e/ou religiosa (tantos que conheço que, casados, agem da forma menos comprometida do mundo e outros que, sendo solteiros, se comprometem com o parceiro, investem e acarinham a relação!).
Assim, já me vesti de noiva, já fui de lua de mel, já tive filhas porque era casada, já comprovei que o casamento tem fim, como tudo na vida, já experienciei o divórcio, outra convenção legal... Enfim, concluo que podia, efetivamente, não ter casado e ter tidos as filhas daquele pai, na mesma, que a relação acabou, ainda assim, mesmo com o casamento e que nunca deveria ter casado para fazer felizes os meus pais, que, mais tarde, vivenciaram a morte e o luto da relação, que vários dissabores me trouxe.
Trinta e cinco anos passados, sublinho a necessidade do livre arbítrio, da escolha do nosso próprio caminho. Há 35 anos atrás, podia não ter feito os meus pais felizes, mas não teria abdicado de uma das minhas maiores convicções: somos apenas nós que decidimos se investimos ou não numa relação, seja ela qual for. 

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