Foi no Dia das Bruxas

Faz hoje 7 anos que me divorciei. O facto de ser no Dia das Bruxas (tradição estrangeira, que não faz sentido nenhum para nós!), também me impede de esquecer a data. Não há motivo para comemorações, um divórcio é a certidão de óbito de um casamento. Ele até podia ter morrido numa data anterior, tal como alguns defuntos, mas a confirmação da necessidade do enterrar vem com aquelas assinaturas. O meu divórcio está a ser ainda mais difícil do que o casamento, o que me deixa ainda mais agastada com todo o processo. E falo do enamoramento, da decisão de casar, da vivência em comum e do seu desgaste, que culminou nesta situação. Provavelmente, as expectativas que criei para aquela pessoa foram muito superiores ao seu carácter. Seja por isso ou por outros factores, o divórcio é a morte de uma relação na qual se investe muito e traz muito sofrimento aos directamente envolvidos, cônjuges e filhos, se os houver.

Revivalismo

A revista "Visão" oferece, na edição de hoje, um CD de temas de filmes. O que eu me diverti com a minha filha mais nova a cantar e dançar quase todas! Voltei à minha adolescência com o Staying' Alive e o She's The One That I Want, do Travolta, recordando o seu maneio de ancas e penteado armado; emocionei-me com Over The Raynbow e Unchained Melody; mas, mais importante, foi a "taralhoquice" de trautear e esbracejar animadamente com a cachopa, que entrou na onda.

Citação

"As mais belas qualidades tornam-se inúteis, quando a força do carácter as não sustenta." - Théophile Gautier

Mea culpa

Filha mais velha:

- Ó mãe, não percebo! Com um mundo tão mau e sem perspectivas, porque é que não me perguntaste se eu queria nascer?!

Indisposição

Cada vez que oiço falar no orçamento do estado dá-me ânsias.

Viver

Ao pensar em todas as coisas que fiz hoje, senti-me plena. Não, não escrevi um livro, nem salvei ninguém da morte. Tive a felicidade de não parar, concluindo tarefas com diferentes graus de satisfação. Ri, agastei-me, descontraí, resolvi problemas, meus e alheios, comi alimentos saudáveis e outros nem por isso, nadei, recusei fazer o que não me apetecia, enfim, vivi.

(Também passei pelas brasas quando me enrosquei no meu sofá, ao fim do dia, porque me apeteceu!)

Pequenitas

- Os meus papás comemoraram ontem 47 anos de matrimónio; é obra!
- Os últimos dias, lá na escola, têm sido de loucos; lá se encavalitou o stress no sítio do costume!
- 4 colegas foram, em serviço, à Turquia e 2 delas foram presas por engano; falem-me em ir à Turquia, falem!
- A mãe e a cria mais nova apanharam aquela virose que estafega o aparelho digestivo; vá de dietas!
Sim, sim, 'tá tudo bem!

Ai, ui, ai, ai, ui!

Já não posso com uma gata pelo pelo rabo! Então não querem lá ver que começo a sentir o peso da idade de forma muito acentuada?! Andei com o meu primo R. a pintar a sala de jantar, a cozinha e a marquise (quem me manda ter marquise?!) e fiquei derreada! É certo que as pinturas também implicam limpeza das miríades de louça e copos e tarecos, bem como janelas e chão e tudo, mas estas tarefas, para mim, eram canja! Era tão mais fácil se eu gostasse de viver na sujidade... E para que raio quero eu tanto serviço e tanta coisa? Deve ser só para os limpar, de tempos a tempos.

Agradecimento

No sábado, emocionei-me a valer. Os alunos de uma das minhas turmas de 9.º ano, em 1994/95, organizaram um jantar convívio. Foram meus alunos desde o 7.º ao 9.º e constituíam um grupo de maus alunos, mas bons miúdos. Encontrava alguns por aí, de vez em quando, mas vê-los ali, homens e mulheres, alguns acompanhados dos filhos e dos cônjuges, quase me pôs a chorar. Comungámos sentimentos de saudade, de amizade, de camaradagem, só possíveis numa relação como a que acontece entre o professor e os seus alunos, uma relação construída dia a dia, repleta de momentos bons e maus, de avanços e retrocessos, de vitórias e derrotas, mas de muita partilha e nunca perdendo de vista o objectivo comum: o crescimento - dos jovens e do saber. Obrigada a todos os meus alunos, que são uma das razões da minha alegria de viver.

(Quase) Finalmente!

Uma amiga atenciosa e querida fez o favor de me contar que, hoje, foi, finalmente, realizado um simulacro no edifício da Câmara Municipal. Velha luta de há anos, o vereador do pelouro já não me pode ouvir falar do assunto... Fico contente por ter sido dado este passo em prol da segurança das nossas populações, mas ainda faltam os simulacros de todos os outros espaços públicos!

100 anos

Hoje, comemora-se o centenário da república. Ontem, ouvi alguém dizer na televisão: "Com a república, deixámos de ser súbditos para passar a ser cidadãos". Parece-me que resume a importância deste regime.

Felicidades

De regresso de um seminário sobre (in)disciplina, tema muito caro a qualquer professor, onde ouvi uma das oradoras apresentar-se como sendo uma pessoa feliz, tendo também referido que vivemos num eterno presente. Fantástica! É raro alguém admitir ou sequer apresentar-se como sendo feliz e, embora concorde com ela acerca do "eterno presente", não consigo não recordar o passado, quando o tema é indisciplina. Então e não é que, no caminho para meu lar, parei na bomba de gasolina e encontrei um dos alunos mais indiciplinados do meu percurso e que mais trabalho me deu, enquanto directora de turma? Mas foi com um carinho imenso que ele me abraçou e me deu um beijo e vi ternura genuína no seu sorriso, fazendo-me acreditar que "vale sempre a pena quando a alma não é pequena"!

E, a propósito de felicidade, quando cheguei a casa, tinha um papelinho em cima da mesa da cozinha, redigido pela minha filha mais velha, que não é nada destas coisas, e que escreveu ao partir para a sua vidinha de universitária: "mãe, amo-te muito".

Portanto, se me perguntarem quem sou eu, vou também apresentar-me como uma mulher feliz!