segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Bruxaria

Mais um "Dia das Bruxas" significa mais um aniversário do divórcio ou, quem sabe, a comemoração possível entre mim e o meu passado.
O meu casamento foi muito importante por 2 motivos:
- proporcionou-me as minhas filhas, seres sem os quais me seria difícil viver;
- ofereceu-me a premissa que hoje tenho sobre o amor/paixão: é sempre motivo de sofrimento.
Se, por um lado, não posso viver sem as minhas filhas, por outro, não quero viver na expectativa de conhecer alguém que, indubitavelmente, me fará sofrer.
Bolas, tenho saudades de mim solteira, quando desconhecia tudo isto!

sábado, 29 de outubro de 2011

Plenitude

Venho de um sítio onde os campos têm formas de mulher, onde os torrões secos acarinham os sobreiros e as azinheiras, que suspiram pela sombra que nos dão. Aqui, onde me encontro, a planura está repleta de sementeiras e da minha casa vejo as luzes do outro lado do rio, a muitos quilómetros de distância.
E ambos os locais são meus.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Che sarà sarà

Entre o universo de afazeres e as agasturas da gestão, apesar da herpona que brota no meu lábio superior, do lado direito e a borbulhonga imensa no queixo, do lado esquerdo, mantenho o sorriso e o bom humor porque usufrui de um sábado brilhante.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

À bruta!

E o inverno chegou, à bruta, assim, sem um beijinho nem nada...

domingo, 23 de outubro de 2011

Degustação


22/10/2011 - ainda saboreio o reencontro...

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Amadeus

Diogo Infante no seu melhor, intenso, pleno e soberbo proporcionou-me um serão teatral como há já muito tempo não tinha.
A peça "Amadeus" tem uma encenação dinâmica, o guarda roupa é cuidado e a sonoplastia repleta dos divinos sons de Mozart. O elenco esteve à altura, com uma interpretação ousada de Ivo Canelas e um divertido João Lagarto feito imperador, só para salientar alguns.
A não perder! Parafraseando o imperador D. José II: "Festas e fogachos!"

domingo, 16 de outubro de 2011

Disparate!

Ontem, à conversa com a mãe de uma amiga da filha mais nova, também ela divorciada, consolei-me com o meu estado de espírito. Passo a explicar: dizia-me ela que, no dia em que a filha seguisse o seu rumo, se havia de sentir muito só se continuasse sem um companheiro. Nada, mas mesmo nada disso, retorqui, convicta. Haverá sempre forma de ocuparmos o tempo, de nos sentirmos úteis, realizadas. Podemos sempre estudar, fazer voluntariado, viajar...
E senti-me bem, em paz e gostei ainda mais de mim.

À colher

Este outubro estival até poderia contribuir para a minha felicidade. Afinal, parece que o sol desenvolve a serotonina e o pessoal fica mais contentito. Não é o meu caso, nem o dos alunos da minha escola que, na sexta feira, andavam todos a guerrear uns com os outros. Não andando envolvida em brigas, fico quase depressiva com tanto trabalho e afazeres e não há serotonina que chegue. Será que se vende em xarope?

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Ufa muito grande!

Gerir conflitos entre os colaboradores; geri-los entre os alunos; atender às solicitações administrativas; selecionar critérios para atribuir os 4 apoios, eliminando dezenas de alunos; aguentar este calor abafante para o qual já não há paciência; decidir o que fazer em relação a pedidos de melhoria de horários que implicam piorias de outros; não gritar sempre que me chamam logo que saio do gabinete...
Se todos os meus dias de trabalho fossem assim, já não tinha o stress encavalitado só na cervical, estaria o dito aos pulangões por todo o meu esqueleto!

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Equilibrio

Depois de um dia intensíssimo como o de ontem, nada como gozar o dia de folga distribuindo-o equitativamente pelas filhas: de manhã, filha mais velha; final do dia, filha mais nova.
Sim, sim, ainda tive tempo para uma sonequinha só para mim. E se ela foi gostosa!

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Já paravam, não?

Sinto-me uma palhaçona quando, a todas as refeições, tenho de repreender as filhas por estarem a utilizar o telemóvel!
Vou experimentar admoestá-las em romeno, pode ser que me faça entender mais facilmente.

domingo, 9 de outubro de 2011

Pasmaceira

Neste outubro quente e seco, lamento não ter alento para passeios. Tenho andado tão cansada que, ao fim de semana, cirando pela casa, tentando mantê-la em ordem, jiboiando no sofá e pouco mais. Estou mortinha para voltar a ser professora e ter disposição para as minhas manualidades, para os passeios, "culturosos" ou não, para pensar nas palavras e voltar a amá-las como dantes, lendo, escrevendo, saborando-as...

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Des-governo

E pronto, está a acabar o meu governo. Contrariamente à opinião de alguns, apareceram candidatos a director do meu agrupamento de escolas. Assim sendo, basta-me aguardar a selecção do conselho geral e ir à minha vida.
Foram mais de 2 anos de muita aprendizagem, algumas agasturas, várias alegrias. Proporcionaram-me um enriquecimento interior muito grande, assim como alguns cabelos brancos e, como o que não nos mata, fortalece-nos, voltarei a dar aulas, missão para a qual acho que nasci, ainda com mais vontade, apesar de todos os constrangimentos com que nos deparamos. (que grande frase que eu escrevi ainda agora!)
Prosseguirei contando tudo.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Piadolas

E o meu primo F. lá alterou o estado civil e, agora, pertence ao clube dos casados.
Um amigo de há 20 anos costuma dizer, quando o informamos que alguém vai casar, "Ah, sim?! E contra quem?". Acho graça.

domingo, 2 de outubro de 2011

Citação

"Aos incapazes de gratidão nunca faltam pretextos para não a ter." - Gustave Flaubert

Quase república

O meu primo F. transfigura-se num homem casado já no próximo dia 5. Claro que não estou à espera que ele ganhe uma proeminente barriguinha e se encha de filhos a breve trecho. À semelhança da república, também ele vai tentar, juntamente com a sua noiva, reger-se por uma série de novas directrizes. Tomara que corra bem, digo eu, que sou tão céptica em relação a essa instituição. Refiro-me ao casamento, sim.

sábado, 1 de outubro de 2011

Tudo é foi

Fecho os olhos por instantes.
Abro os olhos novamente.
Neste abrir e fechar de olhos
já todo o mundo é diferente.

Já outro ar me rodeia;
outros lábios o respiram;
outros aléns se tingiram
de outro Sol que os incendeia.

Outras árvores se floriram;
outro vento as despenteia;
outras ondas invadiram
outros recantos de areia.

Momento, tempo esgotado,
fluidez sem transparência.
Presença, espectro da ausência,
cadáver desenterrado.

Combustão perene e fria.
Corpo que a arder arrefece.
Incandescência sombria.
Tudo é foi. Nada acontece.

ANTÓNIO GEDEÃO