segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Enxaguado

Esta história passou-se com uma irmã do meu avô materno. Parece-me que ela se chamava Palmira e era famosa pela sua mania de que só ela sabia fazer. Já não sei muito bem como tudo se passou, mas acho que alguém da família foi a casa da mãe desta senhora, que estava acamada (que era a minha bisavó, por sinal)e deu um jeito na habitação, tendo, entre outra coisas, lavado o chão. Quando a tia Palmira chegou, resolveu também dar o seu contributo para o asseio da casita e vá de lavar o chão outra vez. Estava ela nestes preparos quando entra a primeira lavadeira do soalho, que ficou indignadíssima, chamando-lhe a atenção para o facto. Resposta da tia Palmira: "Tu lavaste-o, mas não o enxaguaste!" 
Conto aqui este episódio famoso na família a propósito dos meus progenitores. Estando ambos doentes, e temendo eu que o pai volte a baixar ao hospital com pneumonia, como no ano passado, e como estava hoje em casa, logo pela manhã, dei comer à bicharada, fui ao pão e à farmácia para que ele ficasse de choco, a tentar curar o resfriado/amigdalite. Pois, há poucochinho, andava ele na rua, sassaricando de um lado para o outro. Quando lhe perguntei, a ralhar, o que andava a fazer na rua, respondeu-me que se tinha de dar comida aos animais.
- Já dei, pai, já dei água aos coelhos, vai para casa que 'tá frio!
- Já deste?! Então, anda cá ver se tem água!
 Virei-lhe as costas. Devia "estar a enxaguar" o bebedouro. Com o passar do tempo, cada vez se torna mais difícil ser filha. Enquanto mãe, esbugalho os olhos às crias e que remédio têm elas se não obedecer-me. Os meus pais não. É uma grande canseira porque a mãe é igual e faz destas, tal como o pai. Eles não percebem que, depois, se tiverem algum problema de saúde mais grave, é muito mais complicado para mim. 

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