terça-feira, 7 de julho de 2020

Porque é a vida


Qual é a asa que tenho para voar se não levanto meus olhos do chão?
Que céu é este na lonjura do meu olhar?
Abro a mão e deixo escorrer coração para fora do meu peito. Às vezes, dói. 
E o que é isso se não a vida?

?


Estou aqui, sentada à secretária, de frente para a janela, olho para o quintal muitas vezes, quando quero e involuntariamente, procurando uma palavra para avançar no trabalho ou simplesmente porque já se tornou rotina descansar o olhar no verde do meu quintal, entre tarefas de computador. 
Não sei se estou triste por já estar formatada para esta forma de estar/trabalhar ou porque sinto falta da escola, agora, nesta altura, em que os alunos já lá não estavam, mas cuja alegria ainda pairava no ar e nós andávamos a resmungar por tudo e por nada, fartos uns dos outros, loucos com os relatórios que temos de fazer, nestes finais de ano letivo.
Agora, na escola, vemos alguns de nós, poucos, fantasmas de máscaras, descartáveis ou mais coloridas (tentativa de colorir a nossa vida?), mas que nos impedem de nos reconhecer, de observar os nossos sorrisos, amarelos, verdes, não importa, os nossos sorrisos que nos estão vedados!
As escolas, agora, são casas-fantasmas de tempos idos, deixados à pressa  e contra a nossa vontade. 

sexta-feira, 3 de julho de 2020

Vamos?


Recordo fácil e recorrentemente locais, especialmente os da minha infância, aqueles que viriam a ser tão importantes para mim e eu ainda não sabia, as casas das minhas avós, a minha primeira escola, a casa da minha família na terra onde nasci, a árvore para onde subíamos nos intervalos da escola primária para onde vim morar, depois.. Locais mais ou menos importantes, mas que ficaram em mim para todo o sempre.
Sempre me conectei mais com locais do que com datas: é nos sítios que respiro-inspiro os sentimentos. Quem diz que não devemos voltar aos locais onde fomos felizes, não quer lambuzar-se de felicidade, nunca sentiu a satisfação a correr-lhe nas veias quando olha em volta e reconhece as cores, os sons, os cheiros... Mais, faço questão de levar aos meus chãos, quando é possível, quem eu gosto; partilhar os meus locais é a minha forma de partilhar a minha felicidade, o meu agrado.