domingo, 25 de outubro de 2020

Vírus ao contrário

 Desta maleita que nos apoquenta e nos cerceia tanto e tanto, do que mais sinto falta é do toque.

Gosto de abraços, de beijinhos, de dar um piparote no ombro de um amigo quando me está a moer, de tocar no braço de um aluno quando me chegava junto dele para lhe dar uma explicação... Agora, nem junto dos alunos podemos estar, mas confesso que tenho de fazer um esforço hercúleo para disso me lembrar, quando me chamam, na aula...

Somos latinos, o toque faz parte do nosso ADN, das nossas rotinas, das nossas vidas. 

Para quando um vírus ao contrário, um que apele à solidariedade, à partilha, ao abraço?

 Tim Robberts/Getty Images 



 

Apostar na felicidade

 Não me ralo nada de ter a minha idade. Ela é minha, conquistei-a ao mundo, à vida, ao tempo. Nunca deixarei que atrasem a passagem dos anos pelo meu corpo! Cuido-me para ter saúde, provando que me amo assim, antiga e com os privilégios da antiguidade. 

Ter já muitos anos permite-me quase não fazer  fretes e, se os faço, é porque ainda acho que têm sentido. Também posso quase sempre escolher onde estou, com quem estou, durante quanto tempo...

Tenho a felicidade de amar a minha profissão, pelo que, ao fim destes anos todos, é raro o dia em que vou para a escola sem vontade e ainda retiro prazer de muitas das tarefas e atividades a ela inerentes.

Assim, nestes tempos estranhos e maus, que nada têm a ver com todos os anos todos que já vivi, precisamos de retirar felicidade de momentinhos, de atitudes espontâneas e possíveis, mas que nos recordam que somos humanos e seres gregários.




sábado, 24 de outubro de 2020

Que assim seja

 Hoje, neste dia em que o outono já entrou por estes lados do mundo adentro, a corrigir e a classificar trabalhos e a esbragulhar romãs, até me pareceu tocar em laivos de normalidade...

Que assim seja e que possamos sugar destes momentos toda a felicidade a que temos direito.




domingo, 11 de outubro de 2020

Pieces

 Se eu pudesse escolher um destes armários do ano passado, escolheria 


o último, aquele que refere "rapariga aos pedaços".

Pensando neste número tão redondinho do ano em que vivemos, deixei pedaços de mim no passado que me fazem falta agora. Ficaram restos em locais por onde passei e queria recolher; deixei momentos com gente com quem me cruzei e que queria recuperar, continuar; deixei pedaços de mim espalhados pelo meu mundo e por outros que não estão no "armário" do ano passado, estão em mim e não podem ser livres...

Posso escolher?

Cá por mim, a "nova normalidade" deveria ser molhada. Já que temos de levar com a Covid 19 e as máscaras sufocantes, o belo do álcool gel e o distanciamento social, então, que chova, pode até trovejar, vá, mas que a Terra toda seja refrescada, lavada, "purificada" por uma chuva benfaseja!