quinta-feira, 23 de março de 2023

Dádiva

 



Tenho a felicidade de trabalhar em locais onde o melhor e o pior do ser humano se revela. E, quando o melhor acontece, é uma bênção poder dele fruir.

Numa parceria feliz, temos recebido a visita de utentes de uma instituição que vêm contar uma história aos nossos miúdos. São pessoas portadoras de várias deficiências e, apesar de confiar na essência dos nossos alunos, temos sempre algum receio de reações menos felizes.

Ora, numa dessas visitas, contámos com a presença da S. que, devido a uma doença degenerativa, cegou. A S. é duma correção e ternuras evidentes e, no decorrer da atividade, sentou-se junto da L. Quando os meninos foram convidados a pintar um desenho, com a ajuda das visitas, foi explicado à L. que a S. sabia pintar muito bem, mas que, como o desenho não era adaptado, iria precisar de ajuda. Então, a L. não hesitou, perguntou à S. a cor que queria usar, pegou-lhe na mão e a magia aconteceu!...

Tive vontade de chorar, mas a minha esperança sorriu e voltei a acreditar na bondade da humanidade. Obrigada, querida L.!

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