Todavia, não é para elencar os benefícios dos transportes públicos que vos quero falar. Andei de comboio há dias e que delícia que foi! Perdi-me a olhar pela janela, relacionando a paisagem da minha juventude com a atual, li o novo livro que me ofereceu o talentoso Vítor Encarnação e, se não o melhor, pelo menos das coisas mais interessantes: observei os outros passageiros.
Numa carruagem inteira e quase cheia, era preocupante confirmar que quase todos tinham o telemóvel na mão e, ou faziam scroll, ou estavam concentrados a olhar para ele; alguns falavam alto, de auscultadores nas orelhas, mas sempre, sempre com o telemóvel na mão. Mesmo os que viajavam acompanhados! Os poucos que, tal como eu, não estavam a usar o telemóvel, ou eram da minha idade ou mais velhos.
A informação chega-nos a uma velocidade devoradora e o perigo é que não consigamos filtrá-la e selecionar o que realmente pode ser importante ou necessário.
Estamos a perder o deslumbramento que o olhar nos pode proporcionar, assim como a satisfação de uma conversa e o consequente prazer que estas atividades proporcionam a nós humanos, seres sociais.
É pena. É mau. É perigoso.

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