O meu primo F. assustou-se quando ouviu tocar o telemóvel à 1.45 da manhã. Sentou-se na cama, estremunhado e verificou que era a sua amiga M.
- Olha, é a M! Pois… Deve ser a amiga dela que está em apuros.
Entretanto, o telemóvel tinha parado de tocar e ele continuava a olhar para ele e a pensar no que poderia ter acontecido. Tocou de novo.
- É a M. Tenho de me levantar. Pois… É melhor. Vou vestir as calças. Foi a outra que se meteu em trabalhos! Foi raptada! De certeza que foi isso! Vem sozinha a esta hora e foi raptada! Que coisa!
O telefone parou de tocar e o F. continuava à procura da roupa e a congeminar no que se teria passado. Voltou a ouvir-se o toque, insistente e aflito.
- Está a tocar outra vez! É M.! Pois, foi a outra, de certeza! Vou vestir-me e vou pegar no carro. Não sei bem aonde vá, mas é melhor ir à procura dela! Onde raio pus eu as calças? Olha, parou! Mas é melhor ir ver o que se passa. Levo o carro e vou ver o que se passa… Se eu procurar por aí, talvez a encontre… E as calças? Onde estão? Que chatice! Olha! Está a tocar outra vez! Vou atender! Pois… É melhor atender! ‘Tou! Sim, M. diz lá!
E a M., com voz sumida e comprometida pela hora tardia, replicou:
- Olha, F., desculpa estar a maçar-te a esta hora, mas esqueci-me da chave da porta da entrada do prédio. Podes abrir-ma, por favor?