Hoje, conheci pessoalmente um poeta e conheci parte da sua alma. Chama-se José Luís Cordeiro e publicou o seu primeiro livro, Transparências da Alma. E um dos seus poemas é assim:
"Árvore que sou"
Há-de vir um dia em que o tempo
Se desviará do meu caminho
Ficará sentado no passeio da minha rua
Olhando as estrelas do céu
E eu serei sua companhia
Beberei toda a energia que ele me der
Recuperarei abraços se ele assim quiser
E fumarei a noite até ser dia
Nesse dia
Quando o tempo se desviar do meu caminho
Conseguirei acalmar a brisa com o pensamento
Enrolarei os meus braços em redor do vento
E serei capaz de ser eu outra vez
Nesse dia
Ao ver o tempo sentar-se no passeio da minha rua
Desenharei a sua sombra
E iluminarei a sua presença na minha mão
Não haverá mais demoras
Nem reservas para a dança das horas
Porque será o dia da libertação
Libertarei os fantasmas que me atormentam
Olharei as árvores a partir do cimo
Trocarei as letras da palavra «futuro»
Nesse dia
Olharei também, com o tempo, as janelas do céu
E traçarei o caminho que é só meu
Conseguirei destruir os laços que fui dando
Desviar-me-ei das rotas que fui criando
E serei capaz de ouvir a minha própria voz
Nesse dia
Ao fumar o tempo que é magia
Descobrirei as noites envoltas em alegria
E irei contar lendas de princesas felizes
Olharei a árvore que sou
Tocarei as minhas próprias ramificações
Serei o total das minhas recônditas emoções
E renascerei a partir das minhas raízes.
Feliz Dia da Poesia!
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