terça-feira, 30 de dezembro de 2014
Há que assumir
E dizia-me assim o amigo com quem ontem partilhei um chá de camomila quentinho:
- Serves tu ou entorno eu?
sábado, 27 de dezembro de 2014
Tipo
Tipo, não sei se tou preparada pa essa cena, meu! Tipo, é muita informação! Tipo, e se o gajo se corta? Era uma cena marada, meu! Tipo, eu tamem tou bué indecisa, meu! É uma cena bué da marada! Tipo, tás a ver?
(hipotética publicação de uma das minhas alunas)
sexta-feira, 26 de dezembro de 2014
3 coisas boas
Porque faz hoje anos que foi o meu casamento, saliento as 3 coisas boas que daí advieram:
- as minhas 2 filhas;
- uma receita de arroz doce absolutamente maravilhoso!
quinta-feira, 25 de dezembro de 2014
terça-feira, 23 de dezembro de 2014
Colherada de xarope (mal cheia)
Para apaziguar esparvoeiradas/desencabecionadas, diz o Zafón que a solidão é o caminho para a paz.
Por que será que não se sinto nada consolada?
Véspera da véspera de Natal
Quase, quase no Natal, apetece-me falar da M. e do T. que fazem anos amanhã. Tudo o resto é invenção.
Citação -"Tudo é foi"
Fecho os olhos por instantes.
Abro os olhos novamente.
Neste abrir e fechar de olhos
já todo o mundo é diferente.
Já outro ar me rodeia;
outros lábios o respiram;
outros aléns se tingiram
de outro Sol que os incendeia.
Outras árvores se floriram;
outro vento as despenteia;
outras ondas invadiram
outros recantos de areia.
Momento, tempo esgotado,
fluidez sem transparência.
Presença, espectro da ausência,
cadáver desenterrado.
Combustão perene e fria.
Corpo que a arder arrefece.
Incandescência sombria.
Tudo é foi. Nada acontece.
ANTÓNIO GEDEÃO
Abro os olhos novamente.
Neste abrir e fechar de olhos
já todo o mundo é diferente.
Já outro ar me rodeia;
outros lábios o respiram;
outros aléns se tingiram
de outro Sol que os incendeia.
Outras árvores se floriram;
outro vento as despenteia;
outras ondas invadiram
outros recantos de areia.
Momento, tempo esgotado,
fluidez sem transparência.
Presença, espectro da ausência,
cadáver desenterrado.
Combustão perene e fria.
Corpo que a arder arrefece.
Incandescência sombria.
Tudo é foi. Nada acontece.
ANTÓNIO GEDEÃO
domingo, 21 de dezembro de 2014
Deveras
Parece que a palavra "deveras"está moribunda. Esta e mais outras, como "ósculo", "cosmonauta", "cassette" e"obséquio".
Vejamos:
- "ósculo" até não me rala, faz-me lembrar miopia ou algum tipo de inseto;
- "cosmonauta" e "cassette" estão demodés e nem acho mal; afinal também já ninguém usa máquinas de escrever e ninguém parece ter saudades delas (eu tenho um pouquinho, confesso; era o meu PC na faculdade e perdi horas a datilografar trabalhos para entregar...);
- "obséquio", bem "obséquio" é um disfemismo nos dias de hoje - já ninguém tem a amabilidade de pedir "por favor", quanto mais por obséquio! Pensar-se-á que se trata de um insulto, certamente.
Mas de "deveras" gosto! É uma palavra plena, assertiva. Vou lembrar-me de usar "deveras" muitas vezes, por exemplo:
"Estou deveras cheia!"
ou
"Quero deveras este livro!"
ou ainda
"És deveras parvo!"
Está decidido: usarei deveras esta palavra!
Modalidade desportiva
Não sei se é completamente saudável, mas que me faz transpirar, lá isso faz: carregar lenha para o 1.º andar.
sábado, 20 de dezembro de 2014
Alone
Há uns tempos, muitos, por sinal, escrevia aqui que o som do silêncio era absolutamente único e que a ausência das miúdas me era muito prazenteira. E não é que continuo a ter a mesma opinião?
sexta-feira, 19 de dezembro de 2014
Paradoxo
As sombras que este vento me tem trazido são mãos que rasgam a pacatez da minha existência. É um vento frio, maluco, volteia-me os pensamentos e deixa-me dividida.
Desejo que sim. Temo que não.
Temo que sim. Desejo que não.
domingo, 14 de dezembro de 2014
Preciso de ar (e de espaço, já agora...)
Nem só com o narizito de fora consigo respirar por entre as grelhas de avaliação...
quinta-feira, 11 de dezembro de 2014
Leituras
Fiz, hoje, aula de avaliação de leitura, na minha turma do 9.º ano. Distribui os poemas pelos alunos há algum tempo e pedi-lhes para prepararem a leitura, salientando que a poesia lê-se tanto melhor quanto mais sentirmos o texto.
Uns leram à pressa; outros com expressividade e alguma emoção. Chegando a vez da E. (uma menina caladita e com algumas dificuldades), no poema "Monotonia" de Irene Lisboa, pasmei, arrepiei-me e, no fim, bati palmas, pela alma que ela emprestou à sua leitura.
É esta capacidade que os alunos têm de me surpreender que me faz atingir a plenitude na minha profissão.
quarta-feira, 10 de dezembro de 2014
Sozinha
Estar por aqui, ao serão, sozinha em casa dá uma angustiazita momentânea, de vez em quando. Aprendi a gostar de estar só; ser filha única obriga-nos a estas aprendizagens.
Confesso que, quando as miúdas eram pequenas e enchiam a casa com as suas gargalhadas e brigas, sentia, por vezes, a falta do sossego, do som do silêncio. Quando tinha a casa só para mim, aparvalhava, sem saber o que fazer para fruir dessa paz tão escassa e desejada.
Confesso que, quando as miúdas eram pequenas e enchiam a casa com as suas gargalhadas e brigas, sentia, por vezes, a falta do sossego, do som do silêncio. Quando tinha a casa só para mim, aparvalhava, sem saber o que fazer para fruir dessa paz tão escassa e desejada.
Agora, admito que gosto de poder ser a única dona do comando da televisão, de comer o que me apetece, quando me apetece... No entanto, quem é que ouve os meus lamentos sobre o dia agastante que tive? Com quem embirro só porque sim? Com quem dou uma gargalhada sentida sobre tudo, ou sobre nada?
Será isto a solidão?
segunda-feira, 8 de dezembro de 2014
Presentes
Ontem, ofereci a mim própria um dia sem fazer nada para escola, que só foi possível porque me tinha dado o dia de quinta-feira, ficando, assim, com um fim-de-semana de 5 dias. E olhem que isto é triste!
domingo, 7 de dezembro de 2014
Assim
Tinha uma dor no peito assim-assim. Perante a perspetiva de partilharem uma refeição, uma mesa, uma paisagem, o coração queria sair do lugar, o maroto. E poder ser feliz, assim, era-lhe absolutamente estranho. Gostar de ser feliz, assim, então, era um absurdo.
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