Não, não vou falar de Natal, nem de neura (até me portei bem, este ano...), nem de remorsos de ter comido demais...
Tenho uma amiga, que conheci porque ela é casada com um ex-amigo do meu ex-marido (tenho sempre uma certa dificuldade em chamar-lhe "marido", ainda que seja ex, mas enfim...) e de quem gosto muito, que me dá a certeza do meu estado de graça. Passo a explicar. O tal ex-amigo do outro, e marido da minha amiga, tem uma doença do foro neurológico que, apesar dos seus cinquenta anos, lhe envelheceu o cérebro e o impede, por exemplo, de se recordar se almoçou ou não. Para além disso, tem diabetes e esquizofrenia, que o faz ter algumas atitudes mais violentas. A minha amiga sempre cuidou dele e dos pais dele, que faleceram há pouco tempo. Recentemente, a mãe dela foi operada à vesícula e a pobre da minha amiga nem tinha tempo para ir falar com o operador da mãe ao hospital, porque tinha de trabalhar, sendo ela o único sustento da casa. O filho, estudante universitário em Lisboa, pouca disponibilidade tem para apoiar a mãe e a irmã, menina doce, de treze anos, que recusa afastar-se da mãe porque a sente amargurada e infeliz. A cereja no cimo do bolo foi o internamento compulsivo do marido, que coincidiu com o pós-operatório da mãe, num hospital psiquiátrico da capital, devido a uma crise de esquizofrenia violenta...
E ainda há alturas em que me sinto infeliz!
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