segunda-feira, 15 de junho de 2020

Chão(s)



Saboreou aquelas ruas e sorveu portas e janelas da sua infância, devagarinho e carinhosamente. Detalhou os olhos nos vasos de flores, nas frestas das janelas que desnudavam cortinas discretas, nas vozes que planavam pelas sombras dos beirais.
Era a sua terra! O pedaço de chão que a viu nascer há já muito tempo...
Metade dos seus, aventaram-lhes ao solo os seus ossos, por lá; a outra metade foi para outra terra, com outras gentes, mas os mesmos céus.
Escolheu viver no meio, nem num nem noutro chão. Aqui, onde vive, sente o aconchego do lar; cada vez mais, a sua terra é só o lugar onde nasceu. Ou então não, porque aquele amor que sai do seu peito cada vez que lá vai, não a deixa não voltar.

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