Ela nem era a mais bonita; nunca a olharia duas vezes, se, sem se conhecerem, se cruzassem na rua. No entanto, depois dos seus mundos se cruzarem, o seu olhar atento e perspicaz convidava a grandes conversas. Aquela mulher sabia escutar; o pensar de um era o pensar do outro e, quando completava as suas frases, fazia-o com a palavra exata ou a gêmea da que ele iria escolher.
Tinham ambos os mesmos atores preferidos, era comum o seu prato favorito.
Quando se encontravam, a cumplicidade instalava-se entre eles e os silêncios não faziam doer, antes amalgamavam aqueles dois seres e só eles percebiam.
Ao fim de tantos anos de vida, até parecia que tinham nascido para se encontrarem neste mundo!
Só que não. Aquela era a mulher de um outro homem e tinham os filhos que não eram os seus.
Vida tão estranha...
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