Há pouco, tentei desbastar as minhas sobrancelhas, não prescindindo do espelho de aumentar e dos óculos, visto que, ao perto, sou tão cega como uma toupeira.
E lá fui levantando uma lente, baixando outra, espernicando, sem querer mas dolorosamente, a pele junto das minhas sobrancelhas farfalhudas, a tal ponto que uma lágrima escorreu pelo canto do meu olho esquerdo. Artilhada de tantos artefactos para aumentar a visão, tive oportunidade de ver o percurso luzidio e harmonioso que a lágrima foi deixando ao passar, no meu rosto. E achei tão bonito!
O pior é quando essa lágrima primordial constrói uma autoestrada por onde descerão muitas e muitas!
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