quarta-feira, 1 de abril de 2020

Saídas precárias

A muito custo, contando com a ajuda dos ralhetes das netas que são muito mais válidos que os meus, lá convencemos o meu pai a não ir todos os dias ao pão fresco e  comprar o jornal.
Devido à situação de pandemia que nos atormenta a todos, desde dia 13 de março que assumi as funções de moça de recados.
Ora, hoje, dia de ir à farmácia comprar medicamentos em falta para a mulher doente cá de casa, fui encarregada de vários e distantes "mandados", como se diz lá no meu Alentejo. 
Pela primeira vez, coloquei máscara e luvas para a empreitada e fui, como de costume, à hora do almoço, porque é quando não há filas tão compridas. Tenho sempre muito receio de sair de casa e poder trazer o "bicho mau" para cá, correndo o risco de contaminar os idosos do piso de baixo, pelo que limito as minhas saídas a uma vez por semana.
E lá fui eu, a respirar por detrás da máscara, sentindo-me um Darth Vader ensopado... Ainda por cima, entornava-se água dos céus! Será o universo a querer lavar o mundo deste vírus? Nah, não me parece que consiga; não tinha sabão... O uso da máscara não me fez nada sentir um heróico elemento das equipas dos cuidados de saúde e que, diariamente, arriscam a vida para tratar de quem tem  disso necessidade. Eu era só alguém infeliz e desertinha por terminar as tarefas para poder voltar para casa! 
E gastei horas em filas, porque se é verdade que, à hora de almoço, não há tanta gente a fazer compras, também há menos funcionários nos locais, visto que eles também têm de almoçar!
Até nisto deixámos de ter qualidade de vida...

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