Era pela janela que chegava a luz, agora difusa, escassa, cheia de promessas de nuvens. Joana bem se esforçava por olhar para a professora, mas os seus olhos resvalavam sempre para a janela.
Sabia de cor as linhas dos telhados dos edifícios que rodeavam a escola. Memorizou os desenhos que os ramos das árvores, agora despidas, faziam no cinzento do céu. Quando chegasse a Primavera, as árvores haveriam de encher-se de pássaros e de folhas verdes e tenras, projectando a sua sombra, abrigando as conversas e os gritos dos alunos.
Olhou de novo para a professora que vibrava com os tempos simples dos modos verbais.
As coisas que os adultos gostam!
Ela gostava do bulício dos recreios, das enchentes nos corredores, das conversas com as amigas sobre rapazes, músicas, roupas e… rapazes… Será que os rapazes também davam às raparigas o protagonismo das conversas?
A professora teimava nas terminações dos tempos simples…
A luz da janela voltou a chamá-la. Que riscos eram aqueles no muro da frente? Apurou a vista. “Amute Karina”. Joana nem deu pelos erros ortográficos. Quem seria aquela “Karina”, que tinha direito a uma declaração pública de amor daquela dimensão? “Karina” sortuda, era o que ela era! Se calhar, àquela hora, estaria nos braços do seu amado, que não sabia escrever, mas sabia sentir daquela maneira… E ela ali, a ouvir falar de gramática, como se o seu corpo, dilacerado por um cocktail de hormonas, se satisfizesse com os tempos simples dos modos verbais!...
Ela sentiu vontade de rir, ela amou o J…
Ela sente o vento, lá fora, ela ama o P…
Ela sentirá falta dos amigos, ela amará outro…
Afinal, os tempos simples dos verbos “sentir” e “amar” são continuamente conjugados pela Joana. Ela é que não o sabe...
Sabia de cor as linhas dos telhados dos edifícios que rodeavam a escola. Memorizou os desenhos que os ramos das árvores, agora despidas, faziam no cinzento do céu. Quando chegasse a Primavera, as árvores haveriam de encher-se de pássaros e de folhas verdes e tenras, projectando a sua sombra, abrigando as conversas e os gritos dos alunos.
Olhou de novo para a professora que vibrava com os tempos simples dos modos verbais.
As coisas que os adultos gostam!
Ela gostava do bulício dos recreios, das enchentes nos corredores, das conversas com as amigas sobre rapazes, músicas, roupas e… rapazes… Será que os rapazes também davam às raparigas o protagonismo das conversas?
A professora teimava nas terminações dos tempos simples…
A luz da janela voltou a chamá-la. Que riscos eram aqueles no muro da frente? Apurou a vista. “Amute Karina”. Joana nem deu pelos erros ortográficos. Quem seria aquela “Karina”, que tinha direito a uma declaração pública de amor daquela dimensão? “Karina” sortuda, era o que ela era! Se calhar, àquela hora, estaria nos braços do seu amado, que não sabia escrever, mas sabia sentir daquela maneira… E ela ali, a ouvir falar de gramática, como se o seu corpo, dilacerado por um cocktail de hormonas, se satisfizesse com os tempos simples dos modos verbais!...
Ela sentiu vontade de rir, ela amou o J…
Ela sente o vento, lá fora, ela ama o P…
Ela sentirá falta dos amigos, ela amará outro…
Afinal, os tempos simples dos verbos “sentir” e “amar” são continuamente conjugados pela Joana. Ela é que não o sabe...
2 comentários:
O problema surge com os pretéritos
Os tempos simples também incluem pretéritos. Há é verbos mais difíceis que outros...
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