-“Tchau, setora”! Boas férias! – atirou a Magda, enquanto voava em direcção à porta.
- Tudo de bom “pr’ócê”, ‘fessora! Se divirta nas férias, viu! – cantou o Edilson, com o seu sotaque nordestino e um sorriso tamanho do mundo.
Até a Rute, muito tímida e que teimava em passar sempre despercebida, murmurou um “Boas férias, “setora”. Até pró ano!”, quando saiu.
O último dia de aulas! A professora Dulce suspirou. Agora já não havia mais gritarias nos corredores, não haveria mais testes para serem corrigidos, entregues e seguidos de caras aliviadas, semblantes carregados ou sobrolhos franzidos. Já não se ouviriam lamentos pelos TPC’s marcados, cessariam as exposições de conteúdos, as apresentações de trabalhos, … Agora, finalmente, haveria paz!
Parou de arrumar a pasta. Os seus “meninos”! Este ano tinha tido particular sorte com as turmas que lhe tinham cabido: bons miúdos, empenhados, com sentido de humor, preguiçosos q.b. Ia ter muitas saudades deles…
Nem sempre era assim. Como em tudo na vida, a relação professor/aluno tem de resultar de uma empatia que, a pouco e pouco, se constrói e desconstrói com os acontecimentos do dia a dia. Como em todas as relações, é preciso que, a cada instante, se acalente, se aperfeiçoe para resultar na aprendizagem, para dar frutos e não se tornar num tormento para ambas as partes. É que na relação professor/aluno não há possibilidade de divórcio!
Quantas vezes o seu humor melhorou depois de entrar numa sala de aula! Vida mazinha que tantas vezes nos deixa apreensivos, tristonhos!... Quando assim era, tentava abstrair-se dos seus problemas para transmitir aos seus alunos aquilo que ela sabia. Eles não tinham culpa que as coisas lá por casa não correrem sempre bem. E, depois, a escola compete com tantas coisas bem mais aliciantes! Que aula tem hipóteses perante um novo jogo de “Playstation”? A quem é que apetece ler e interpretar o Crime do Padre Amaro, se pode ver o filme? Contas?! Tabuadas?! SMS’s, pois então! Melhor mesmo só os MMS’s! Não, uma aula, para resultar, tem de investir na relação entre os intervenientes.
Com estes seus alunos, a professora Dulce sabia que a relação se extrapolaria para fora da escola e que, sempre que se encontrassem na rua, tanto ela como os seus “meninos” sorririam com prazer na hora de se cumprimentarem e teriam curiosidade em saber como é que a vida estava a portar-se para com eles. Eram momentos como estes que a faziam acreditar que, embora os ministros vão e venham, que os Estatutos da Carreira Docente se reformulem, que a progressão na carreira seja dura, as relações humanas, a proximidade que uma sala de aula proporciona aos que lá “co-habitam” valem a pena!
- Tudo de bom “pr’ócê”, ‘fessora! Se divirta nas férias, viu! – cantou o Edilson, com o seu sotaque nordestino e um sorriso tamanho do mundo.
Até a Rute, muito tímida e que teimava em passar sempre despercebida, murmurou um “Boas férias, “setora”. Até pró ano!”, quando saiu.
O último dia de aulas! A professora Dulce suspirou. Agora já não havia mais gritarias nos corredores, não haveria mais testes para serem corrigidos, entregues e seguidos de caras aliviadas, semblantes carregados ou sobrolhos franzidos. Já não se ouviriam lamentos pelos TPC’s marcados, cessariam as exposições de conteúdos, as apresentações de trabalhos, … Agora, finalmente, haveria paz!
Parou de arrumar a pasta. Os seus “meninos”! Este ano tinha tido particular sorte com as turmas que lhe tinham cabido: bons miúdos, empenhados, com sentido de humor, preguiçosos q.b. Ia ter muitas saudades deles…
Nem sempre era assim. Como em tudo na vida, a relação professor/aluno tem de resultar de uma empatia que, a pouco e pouco, se constrói e desconstrói com os acontecimentos do dia a dia. Como em todas as relações, é preciso que, a cada instante, se acalente, se aperfeiçoe para resultar na aprendizagem, para dar frutos e não se tornar num tormento para ambas as partes. É que na relação professor/aluno não há possibilidade de divórcio!
Quantas vezes o seu humor melhorou depois de entrar numa sala de aula! Vida mazinha que tantas vezes nos deixa apreensivos, tristonhos!... Quando assim era, tentava abstrair-se dos seus problemas para transmitir aos seus alunos aquilo que ela sabia. Eles não tinham culpa que as coisas lá por casa não correrem sempre bem. E, depois, a escola compete com tantas coisas bem mais aliciantes! Que aula tem hipóteses perante um novo jogo de “Playstation”? A quem é que apetece ler e interpretar o Crime do Padre Amaro, se pode ver o filme? Contas?! Tabuadas?! SMS’s, pois então! Melhor mesmo só os MMS’s! Não, uma aula, para resultar, tem de investir na relação entre os intervenientes.
Com estes seus alunos, a professora Dulce sabia que a relação se extrapolaria para fora da escola e que, sempre que se encontrassem na rua, tanto ela como os seus “meninos” sorririam com prazer na hora de se cumprimentarem e teriam curiosidade em saber como é que a vida estava a portar-se para com eles. Eram momentos como estes que a faziam acreditar que, embora os ministros vão e venham, que os Estatutos da Carreira Docente se reformulem, que a progressão na carreira seja dura, as relações humanas, a proximidade que uma sala de aula proporciona aos que lá “co-habitam” valem a pena!
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