sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Conversas, gestos, cheiros - II

Lembro-me muitas vezes, com saudade, da minha infância, quando nos juntávamos todos, lá em casa dos meus avós paternos, em grandes almoçaradas, deliciando-nos com os petiscos da minha avó. Geralmente era no Verão, quando os meus tios e primos, emigrados na Alemanha, passavam cá o mês de férias. Adultos e crianças juntavam-se alegremente à mesa e degustavam a maravilhosa canja de pombo bravo, o javali assado no forno, as inigualáveis migas com entrecosto, como só as minhas avós sabiam fazer. E era uma correria entre o quintal e as escadas do primeiro andar, um brigar constante entre todos os primos, que levava a minha avó a ralhetes e resmunguices, dos quais não fazíamos caso nenhum. E ouviam-se os adultos a rir e a contar histórias na sala e nada fazia prever que tudo se tornaria tão diferente, anos depois…

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