domingo, 8 de fevereiro de 2009

Corazón partió

Ainda me lembro do menino por quem eu me apaixonei a primeira vez. Devia ter eu uns seis anos e ele era vizinho da minha avó. Eram quatro irmãos, todos rapazes e chamavam-se José, Jorge, João e creio que o mais novo se chamava Jaime. Eu, filha única, achava assombroso ter-se tantos irmãos, todos do mesmo sexo e com nomes com a mesma inicial. O que chamou a minha atenção era o mais velho, o José, que devia ter uns dez ou onze anos. Não me lembro das suas feições, mas recordo que o Jorge era muito mais simpático porque brincava comigo e o José não. Eu, morrendo de vergonha cada vez que o via na rua ou na escada, baixava os olhos e agia como se a boneca ou o livro que trazia comigo precisassem de toda a minha atenção. Houve uma ocasião em que, num arraial lá na rua da minha avó, um conjunto arranhava modinhas em instrumentos roufenhos e eu rodopiei a minha saia de pregas nos braços do Jorge, mas era para o José que eu dissimulava o olhar e esperançava a próxima contra-dança.

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